As abelhas estão morrendo intoxicadas no
Brasil, segundo estudo
A morte do inseto preocupa apicultores e agricultores por colocar em
risco a produção de alimentos
Abelhas cobertas de
pólen em Frankfurt, Alemanha (Frank Rumpenhorst/AFP/VEJA)
Se
pagássemos pelo serviço que as abelhas prestam à natureza, elas estariam
bilionárias. O “salário” à colmeia mundial seria de 212 bilhões de dólares por
ano. O cachê é alto assim porque o inseto é responsável por 73% da polinização
de toda a cultura mundial. O resultado é a garantia de 40% dos alimentos
consumidos por nós. Por isso, sua possível extinção – que pode não estar tão distante, como apontou este novo estudo
(no link) – é algo tão preocupante, seja para a biodiversidade
do planeta ou até, pasmem, para os produtores de inseticidas, produtos que as
matam.
A relação é simples. Sem abelhas,
não há agricultura, muito menos a necessidade de agrotóxicos. Foi por isso que
o projeto Colmeia Viva, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
Defesa Vegetal (Sindiveg) foi criado e agora divulga o Mapeamento de
Abelhas Participativo (MAP), como resultado de uma parceria entre agricultores
e apicultores.
“Reconhecemos o nosso papel na
relação entre a agricultura e a apicultura. Uma não existe sem a outra e somos
parte disso. É preciso criar boas práticas para o uso dos defensivos”, explicou
a vice-presidente do Sindiveg, Silvia Fagnani.
O
principal resultado da pesquisa é de que 70% das abelhas estudadas morreram de
intoxicação por inseticidas. E em todos os casos, o que causou a morte foi o
uso incorreto dos produtos por parte dos aplicadores. A pesquisa apontou,
entretanto, que as abelhas mortas na área analisada não apresentaram
sintomas da Síndrome do Colapso das Abelhas (CCD), fenômeno registrado
principalmente no hemisfério norte com a espécie Apis Mellifera.
Pelo CCD, elas desaparecem
sem deixar vestígios. No Brasil, o caso é de mortalidade por intoxicação.
Entres os produtos encontrados, estão alguns dos mais vendidos e conhecidos no
mercado, como o Neonicotinoide e o Pirazol.
O
relatório, porém, é só um começo para o que o projeto pretende realizar,
segundo o biólogo Osmar Malaspina, especialista em
ecotoxicologia das abelhas, da Unesp, e que participou da pesquisa. Para esta
primeira análise, apenas 13 casos foram estudados. A validade, entretanto, de
acordo com o pesquisador, se dá pelo tempo de investigação, de um ano.
Para que as abelhas sejam analisadas é necessário que o apicultor denuncie, ao Sindiveg, a morte de sua criação em até 24 horas ou
que o agricultor perceba que os insetos estão morrendo em sua plantação nesse
mesmo espaço de tempo.
“O curto
prazo entre a denúncia e a coleta dificulta um pouco a pesquisa, por isso
restringimos a área de abrangência ao estado de São Paulo, com foco
em poucas amostras. Para apresentarmos dados mais consistentes, precisamos
estudar mais colmeias e, para isso, é necessário que apicultores e agricultores
colaborem ligando para o nosso disque denúncia”, pediu Malaspina.
As criações mais afetadas,
segundo o biólogo, são as próximas às grandes produções de monocultura,
como as de soja e as de cana. “Inseticidas, como o próprio nome já diz, são
feitos para matar insetos. Estamos tentando amenizar essa situação para que os
aplicadores usem de forma correta e possam diminuir a mortalidade das abelhas.
A solução definitiva, porém, estaria em repensar a forma como produzimos
alimento, sem necessitar da aplicação desses defensivos”, explicou.
O biólogo ainda lembra da
importância do inseto para o lucro do grande produtor. No Brasil, há cerca de 3
mil espécies de abelhas. Alguns cultivos, como o melão e a maçã, são
polinizados por apenas um tipo, e o desaparecimento da abelha da região
significaria o fim da produção.
“O agricultor, por falta de
conhecimento, só pensa em fertilizante e adubos. Mas não sabe que a abelha é a
maior responsável por manter sua colheita. Agora, se não há comida, elas não
ficam no local. Por isso, é importante aliar a plantação a corredores de
florestas, construindo habitats apropriados aos insetos”, concluiu o biólogo.
O MAP
continua e as análises também. O relatório completo está disponível no site do Colmeia
Viva e o telefone para denúncias e dúvidas é o 0800 771 8000.
Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/as-abelhas-estao-morrendo-intoxicadas-no-brasil/
Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/as-abelhas-estao-morrendo-intoxicadas-no-brasil/
Nenhum comentário:
Postar um comentário